A plataforma de monitoramento e gestão de redes sociais Torabit levantou o que os brasileiros falam na
internet sobre a tragédia dos Yanomamis. Do primeiro dia do ano de 2023 ao dia 10 de fevereiro foram
analisadas 769.398 menções.
Olhando o todo, 70% das postagens são de conteúdos positivos sobre o tema e 30% das menções são
negativas. São Paulo foi responsável por 26,3% das postagens, seguido por Rio com 18,2%, Minas com
7,4%, Distrito Federal com 5,3% e Bahia com 4,8%. Os homens fizeram 56,4% dos posts e as mulheres
43,6%.
Quase metade das menções (48,4%) eram informativas sobre o povo Yanomami, denúncias do descaso
com a tribo indígena ou denúncias do garimpo ilegal. Neste universo, o nome do ex-presidente Bolsonaro foi citado em 19,2% das menções. Sua gestão é considerada nas redes como culpada pelo estado no qual os indígenas se encontram.
No bloco seguinte de menções estão as chamadas Fake News e, de novo, há destaque para Jair
Bolsonaro. É dele o perfil no Twitter com maior número de compartilhamentos de mentiras ou distorções
sobre o tema. As mentiras nas redes sociais somam 24% dos posts sobre os Yanomamis.
Principais contribuições de Bolsonaro para Fake News sobre os Yanomamis:
Ainda sobre desinformação, outras postagens também tiveram destaque na viralização de mentiras.
Exemplos:
O terceiro guarda-chuva é o das notícias, com 15,4% das menções principalmente com textos que
mostravam os crimes cometidos na região amazônica.
10% das mensagens eram de postagens e compartilhamentos de lideranças indígenas com perfis nas
redes sociais, principalmente de indígenas que compõe o novo governo, com destaque para Sonia
Guajajara. Os 2% restantes dos grandes assuntos são de postagens diversas sem uma unidade para
categorizar no estudo.
Bolsonaro teve seu nome citado em 126 mil postagens das quase 770 mil e Lula em 98 mil. A quantidade
de citações a ambos foi próxima, mas o conteúdo entre elas difere. Enquanto a percepção das redes liga
Lula à preservação da Amazônia, cobranças sobre o fim do garimpo e ajuda aos indígenas, com 76%
das postagens positivas com seu nome, Bolsonaro é ligado ao garimpo ilegal e ao genocídio Yanomami
com 57% de menções negativas.
A defesa dos Yanomamis nas redes fez com que perfis de diferentes ideologias postassem conteúdos
similares. Veja aqui:
Quando se olha a relação das palavras “garimpo” e “garimpeiros” com todos os termos dos Yanomamis,
chama atenção que “Bolsonaro” aparece entre os principais temas citados.
O tamanho da palavra na nuvem é proporcional à sua frequência no universo de busca. Os quinze
termos mais relacionadas ao Yanomamis nas redes são: Yanomami, indígenas, Bolsonaro, governo,
Lula, Amazônia, garimpo, garimpeiros, genocidio, terras, povo, Brasil, ilegal, fome e tragédia.
As dez hashtags mais usadas pelos brasileiros quando se fala sobre os Yanomamis são: #yanomami, fantastico, #brasil, #amazonia, #globonews, #sallesnao, #maismedicos, #pacheconao, #sosyanomami e amazonas.
Ao analisar os trends do Google, onde azul representa o interesse por busca por yanomamis e vermelho
por garimpo, vê-se que os brasileiros começaram a buscar os assuntos com mais interesse em 22 de
janeiro a partir da declaração do governo de situação de emergência em saúde por conta da morte de
crianças da etnia yanomami por desnutrição. A busca maior por “garimpo”, no período, foi no dia 30, um
dia depois da reportagem da jornalista Sônia Bridi ter sido veiculada no Fantástico.
Publicado no dia 16 de fevereiro de 2023