Do primeiro dia deste ano até o dia 13 de março, a plataforma de monitoramento digital Torabit analisou 1,6 milhão de menções relacionadas ao tema da vacina contra o coronavírus nas plataformas Facebook, Twitter e Instagram para entender o sentimento, os principais assuntos, as possíveis preocupações, os influenciadores digitais envolvidos, as ações políticas, a oposição ao governo, entre outros aspectos relacionados a este universo.
O monitoramento revelou que aproximadamente 60% das menções nas redes sociais foram positivas, ou seja, notícias e opiniões favoráveis à vacinação. Destaque na categoria positiva para a vacinação de reforço do presidente Lula, realizada pelo médico e vice-presidente Geraldo Alckmin.
As menções negativas mostraram um número relevante de opositores à vacina, com 32,6% dos comentários questionando o plano de vacinação e disseminando fake news e opiniões maliciosas. O ex-ministro de Bolsonaro, médico e deputado Osmar Terra, se destacou como um dos principais disseminadores de desinformação, colocando em dúvida a vacina bivalente oferecida pelo governo e aprovada pela Anvisa.
As menções neutras representaram 9,13% do total e incluíram piadas, notícias e comentários sem juízo de valor, como por exemplo postagens sobre menções à vacina dentro do programa Big Brother.
Com menções críticas às ações de seu governo, Bolsonaro foi um dos termos mais relacionados à vacina e à Covid-19 no início de 2023.. Outros termos frequentes incluíram “governo”, “Brasil”, “presidente”, “vacinação”, “covid” e “Lula”.
Pfizer e Janssen se destacaram nas redes.
Após o anúncio da vacina bivalente da Pfizer, a empresa farmacêutica se tornou a mais falada nas discussões em redes sociais, principalmente em menções positivas. Figuras públicas como o Ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), a Ministra Nísia Trindade (Saúde) e o Senador Randolfe Rodrigues contribuíram para disseminação de conteúdos positivos da vacina entre os usuários. Também foi identificado um grande número de notícias falsas, algumas delas originadas no exterior e compartilhadas por usuários brasileiros com o objetivo de desacreditar a imunização no país.
A vacina da Janssen foi a segunda mais mencionada nas redes sociais, principalmente devido às alegações de que o ex-presidente Bolsonaro teria tomado a dose em julho de 2021. As menções em defesa do plano de vacinação e críticas ao ex-presidente foram consideradas positivas, fazendo com que a Janssen tivesse um sentimento predominantemente favorável entre aqueles que a mencionam online.
As vacinas AstraZeneca e Moderna apresentaram alto percentual de menções negativas. A efetividade da AstraZeneca foi alvo de muitas críticas, gerando dúvidas e comentários pejorativos. Já a Moderna foi a vacina com maior quantidade de comentários negativos, em grande parte devido ao alto volume de notícias falsas, muitas delas traduzidas do inglês para o português.
A análise também identificou um aumento nos comentários negativos de uma base conservadora após o anúncio da queda de sigilo da vacinação de Bolsonaro e as ações de combate à Covid pelo governo federal. No dia 28 de fevereiro, houve um pico de fake news e comentários em defesa do ex-presidente Bolsonaro.
O público que mais falou sobre o assunto nas redes sociais é predominantemente formado por homens (58,2%) do Sudeste do Brasil.
Os principais assuntos em destaque nas redes sociais incluíram a eficácia das vacinas, os avanços nas pesquisas, a distribuição e aplicação das doses, as campanhas de conscientização e a luta contra a desinformação.
As preocupações do brasileiro em relação às vacinas variam desde a segurança e eficácia das doses até o acesso e o combate às fake news. O estudo aponta que, apesar da maioria das menções ser positiva, ainda há um número preocupante de pessoas que se opõem à vacinação e disseminam informações falsas.
Em relação às ações políticas, o atual governo liderado pelo presidente Lula tem se mostrado ativo no combate à pandemia, investindo em campanhas de conscientização e na ampliação da distribuição das vacinas. Por outro lado, a oposição, principalmente os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, tem aumentado a disseminação de fake news e desinformação nas redes sociais.
Nos primeiros meses de 2023, houve um aumento no volume de menções relacionadas à vacinação, tratamento e prevenção da Covid-19, além de outros temas relacionados à pandemia. Diversos picos de discussões nas redes sociais foram identificados ao longo desse período.
Pico 1 (01/01 a 05/01) – A Vacinação de Bolsonaro
O ano começou com a divulgação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria sido vacinado em julho de 2021. A postagem do grupo Anonymous no Twitter chamou a atenção do público e gerou discussões acaloradas nas redes sociais. Muitos questionaram a veracidade da informação e criticaram a suposta atitude do ex-presidente, que sempre demonstrou desconfiança em relação às vacinas.
Pico 2 (21/01 a 29/01) – A questão indígena na pandemia
No final de janeiro, o deputado federal André Janones acusou a ex-ministra Damares Alves de negligência no combate à pandemia em terras indígenas. A acusação gerou indignação e debates sobre a atuação do governo Bolsonaro durante a crise sanitária, principalmente em relação às populações mais vulneráveis do país.
Perfis com grande número de seguidores, como Whindersson Nunes, Danilo Gentili, Claudia Leitte e Rafinha Bastos, também se manifestaram sobre a pandemia nas redes sociais. Enquanto alguns comentários abordaram a política, como os de Danilo Gentili, outros focaram em aspectos mais amenos da pandemia. Além disso, portais de notícias, como CNN, G1 e R7, contribuíram para o debate, publicando informações atualizadas sobre o tema.
A análise das menções nas redes sociais revelou um esforço de conscientização de páginas de notícias, influenciadores e pessoas comuns sobre a importância da vacinação. Porém, o grafo de conexões mostra relevância em falas do ex-presidente Bolsonaro, e de influenciadores que propagam Fake News e que viralizam, como @Jakelyneloiol_ e @DaAcervo.
Publicado no dia 16 de março de 2023